A BEIRA DA SEPULTURA
Perder um filho sincero,
amigo e leal, é como se sentir um estalar nas fibras mais intima do coração. A
dor é imensa e causa o mesmo e profundo abismo na vida daqueles que o amam.
E só quem não sabe avaliar
quem ainda não perdeu e não conheceu a desgraça cruel de ver diante de seus
olhos, na impossibilidade da morte, aquele que muito tempo foi seu conhecedor
dos momentos de magoas, comparticipastes de suas alegrias.
Só não calcula o quanto há
de amargo nesta dor e momento quem não teve
apenas um amigo, que a morte lhe roubou, como dirá um filho! Faz-se um vazio imenso em nossa alma;
cerra-se-nos em densa treva como uma prisão escura, densas trevas no coração
parece que tudo que nos cerca nos é hostil, nos ameaça, nos da medo, nos
sufoca, e que nos vemos sucumbir a esse atentado que se pinta na nossa
fantasia, que nos tira a força para reagir em tais momentos; porque nos falta
amparo dos amigos, e do próprio que acabamos de perder, apenas velamos em vez
de agirmos juntos. Não podemos mais contar com a força dos seus braços para nos
abraçar, nem o vigor das suas energias
para nos alegrar e fazer resistir.
Diante destas catástrofes
--- porque é sempre ver cair ao nosso lado um amigo, um filho, pai e irmão
caído estremecido --- nosso espirito como que pára extático absorto no doloroso
acontecimento que nos enluta, interrogado a si mesmo se não é um sonho, um
pesadelo temeroso o que está vendo, ou uma realidade ainda mais cruel.
É assim que eu sinto a minha
alma neste momento de angustia, em que meus olhos pousam neste escuro esquife,
dentro dele se encontra encerra-se o mais belo coração de um ser humano, que
nos foi dado até hoje confirmado pelos seus amigos a conhecerem, na alegria e
na tristeza.
Mas já não é mais a dúvida o
que me submete a pensar, não, porque a realidade está aqui: é a dor imensa que
eu sinto por perdê-lo, é a mágoa crudelíssima que a sua morte me causa e aqui
me trouxe e muitos vieram para dar-lhe o derradeiro adeus, acompanhá-lo a sua última
jazida.
Descansa em paz, generoso
coração; dorme tranqüilo, filho e amigo dos amigos, que a tua alma, com a
saudade, que a tua lembrança será perdurável na minha alma, com a saudade mais
viva, mais sentida, que um pai possa reagir pela certeza que um dia Jesus
Cristo nos colocará face a face no eterno reino que não mais existirá a morte.
Descanse em Paz.
Presidente Prudente, 06 de
out. de 2019, por Valdeci Fidelis.