GÁLATAS 3.26-29
São muitos ministérios contra ordenação de mulheres como pastora, cargos estes que somente são oferecidos aos homens por que? Vejam o que disse o apostolo Paulo.
Paulo escreveu carta aos
gálatas com a finalidade de instruir que a salvação é somente pela fé em Jesus
Cristo. Oradores judaizantes ficavam doutrinando que, além da fé em Jesus, era
indispensável também a submissão da lei de Moisés. A alegação de Paulo do seu
evangelho é enérgica. No capítulo 3, ele expõe que a promessa foi dada a
Abraão, pois ele creu em Deus (v. 6) e os que são da fé em Jesus, esses são
filhos de Abraão (v. 7). Isto só tornou-se admissível porque Cristo nos resgatou da maldição da lei
ao morrer no madeiro, segundo determinação da lei (v. 13,14). Pela fé, os
gentios recebem a Cristo e a promessa do Espírito. Quem deu a lei foi Deus para
servir como um aio, protetor, até que a advento de Jesus pudesse levar os
homens a acreditar nele. Neste contexto, ele desenvolve o texto de 3.26-29.
Nos v 26,27, ele diz: “pois
todos sois filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus. Porque todos quantos fostes
batizados em Cristo, vos revestistes de Cristo” (Versão Revisada, Imprensa
Bíblica Brasileira, em todo o trabalho). Através da fé, todos são filhos
de Deus. A palavra “todos” não deixa dúvida de que qualquer pessoa, livre de
qualquer condição humana, pode ser salva e deleitar-se deste privilégio. O
batismo o simboliza o sinal da nova situação e sugere que juntos se vestiram de
Cristo, ou seja, são novas criaturas afeiçoar-se segundo seu Senhor. A fé em
Cristo produziu um novo modo de ser e viver, embora permaneçam habitando na
velha era. A doutrina da salvação pela fé não ficava reservada ao campo
doutrinário, metafísico, mas acontecia a fazer parte da vida prática, do dia a
dia, pois “se alguém está em Cristo, nova criatura é” (2 Coríntios 5.17).
No v 28, há a declaração
de Paulo dizendo que: “não há judeu nem grego; não há escravo nem livre; não há
homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus”. Paulo põe alguns
pares divididos por raça, meio social e natureza. O primeiro par indica a
isolamento racial que existiu em toda a história do povo de Israel de se
considerar o “povo eleito” e, desta forma, distinguir de todos os outros povos.
Na fé em Cristo, não há mais raça (nacionalidade) escolhida. O principal par é
formado pelas normas da sociedade: escravos e livres. Esta separação social
nada constitui na fé. Para o seu tempo, esta era um conceito revolucionário já
que a prática da escravidão estava arraigada em todo o mundo antigo.
“O
terceiro par deriva da natureza: “macho” e fêmeo”, palavras que se assinalam por
definir a sexualidade de cada indivíduo humano. Homens e mulheres ocupam o
mesmo patamar na presença de Cristo. Não há mudança humana e exterioriza na
existência destas pessoas: o homem continua sendo homem, novamente a mulher, o
escravo continua sendo escravo. Tudo permanece sendo absolutamente igual na
sociedade. Isto faz objeto da teologia paradoxal de Paulo do “já” e do “ainda
não” em analogia à salvação operada por Cristo que se nascia numa era atual e
na era futura simultaneamente. Porém, no que envolve a fé em Cristo, e isto
envolve a Igreja, estas distinções humanas se rompem e estas pessoas são
completamente niveladas em Cristo. Todas elas tornam-se um em Cristo. Ou seja,
não somente são niveladas como igualmente são unidas a ponto de serem um só povo
na pessoa de Cristo. A unidade da humanidade é conseguida e vivenciada em
Cristo.
Ainda em relação ao
v. 28, Lopes (2015, p. 5-7) não vê neste texto a eliminação da submissão
feminina e de coincidência de funções no ministério pastoral. O assunto tem
quatro oposições ao emprego deste texto para o ministério pastoral feminino. A
primeira oposição diz importância ao objetivo do texto que é tratar da maneira
perante de Deus porque cremos em Cristo e não dos cargos que homens e mulheres
cumprem na Igreja. A segunda é que Paulo aprofunda a submissão feminina, não na
queda, mas na competente criação. A terceira oposição diz respeito à palavra
“um” no texto que constitui unidade de todos em Cristo e não identidade de
funções.
A quarta oposição é que Cristo não aboliu, na presente era, os efeitos
do pecado e as punições quando pecaram. A primeira e a terceira oposições são
textuais. De fato, o texto fala da nossa posição em Cristo que a gente foi
recebedora mediante nossa fé nele. O assunto é se esta nova posição não traz
insinuações de caráter prático para a afinidade homem-mulher. Se, em Cristo,
não existe homem nem mulher, significará que, em Cristo, a mulher permanece
submissa ao homem? Será que, em Cristo, o escravo segue subordinado ao livre?
Ou o grego ao judeu? Paulo está difundindo uma abertura nova decorrente da
atitude que os crentes têm em Cristo, a qual signifique esta nova posição
aboliu com as diferenças e os igualou.
A aplicação disto nas diversas
sociedades se dará segundo as culturas de cada uma delas, mas o princípio está
oferecido e afetará a questão do ministério pastoral feminino nas culturas onde
isto couber. Não podem o viver numa condição de eras passadas quando a
instituição terrena da igreja romana que ordena Padre e não a mulher no seu sacerdócio
será que queremos representar em alguns ministérios o mesmo feito eklesio de
não formação pastoral feminino. Em relação à unidade, segue-se o mesmo
pensamento, pois não pode existir unidade com sujeição entre as pessoas
envolvidas. A segunda e a quarta oposições não são textuais.
O conceito de que
a submissão da mulher ao homem principiou no Éden ou na queda é muito
controvertida na teologia e não existe pensamento único acerca desta questão
entre os teólogos que creem na concepção das Escrituras. Se, de fato, Cristo
não revogou, na atual era, os resultados do pecado, também é certo que ele
iniciou uma nova era cujas intenções podem, dentro das possibilidades
culturais, ser havidos nesta era presente. Se a cultura aceita à Igreja
vivenciar na prática o “nem homem nem mulher em Cristo” nesta era, por que não
se conviveria?
No v. 29, se as
pessoas são de Cristo, imediatamente é a semente prometida por Deus a Abraão e
sucessores de todas as bênçãos deste juramento. Não existe distinção nestas
regalias entre uns e outros, entre homens e mulheres.
O escrito de Gálatas
3.26-29, por ser doutrinário e apresentar princípios referentes à salvação em
Jesus Cristo é um escrito que deve conduzir outros escritos que recomendem
aparentes contradições com este ou provem fatos locais e culturais, pois:
Esta é uma passagem crucial
que tende a citar como a que governa a interpretação de todos os demais textos
relevantes, ou ao contrário, a ser minimizada quanto às suas implicações. [...]
Gálatas 3:28 deve ser visto como um contraste com o status inferior geralmente
dado às mulheres nos dias de Paulo.
É uma afirmação dramática que não deve ser
desprezada, nem diluída com o objetivo de manter uma posição restritiva.
Gálatas 3.28 aplicam-se a relacionamentos sociais dentro da igreja, e não
meramente ao âmbito espiritual da soteriologia. Ao mesmo tempo, não significa
que todas as distinções estão eliminadas. Nem uma declaração positiva como
Gálatas 3.28, nem uma restritiva, como I Timóteo 2.12, devem ser consideradas à
parte da revelação bíblica total sobre o assunto (LIEFELD, 1996, p. 166,168).
Mickelsen (1996, p. 250),
acompanhando nesta própria linha de pensamento, escreve que
erudito do Novo Testamento,
F. F. Bruce declarou em seu comentário de Gálatas 3.28: “Paulo estabelece aqui
o princípio básico: se as restrições sobre esta questão se encontrarem noutras
passagens das cartas paulinas.
Fonte: Valdeci Fidelis é autor do texto, este como parte de sua tese (TCC), ênfase "A Mulher Pode Ser Pastora," em seu Mestrado em Teologia pela Faculdade Teologica Nacional. Obteve nota 9,7