A VIDA DE JESUS.
Quando buscamos conhecer a história de Jesus de
Nazaré, devemos primeiro buscar o tema central na Bíblia Sagrada, pois Jesus
está feito revelação na Palavra que transforma e salva, a história e assim faz
parte do conhecimento e podemos fortalecer a fé através da oração no Senhor “O
Filho de Deus”
RESUMO
A historicidade de Jesus, assim a única fonte para
estabelecer-se uma vida de Cristo é o Novo Testamento, sobretudo os quatros
Evangelhos, os Atos dos Apóstolos e as Cartas de Paulo. Os autores desses
escritos foram discípulos e contemporâneos de Jesus Cristo. Há controvérsia
sobre o valor histórico do Novo Testamento, formado de escritores religiosos.
A controvérsia surgiu no século 17 e se intensificou
no século 19, com o racionalismo alemão de Ebrard e Reuss. Seguiram-se Herder,
Eichorn e Paulus que, negando o sobrenatural, procuraram limitar-se aos
elementos puramente naturais da narração. Tentando superar essa interpretação,
que mutila os documentos não levando em conta a maior parte de seu conteúdo.
Strauss apresentou a teoria mitológica, discernindo e
separando nos Evangelhos o Jesus mítico do Jesus histórico. Mas como Celso e
Flavio José, adversários do cristianismo nos primeiros séculos, os
racionalistas jamais negaram o foto da existência de Cristo. As recentes discussões
entre Bulltmann e Karl Jaspers, sobre a realidade do mito, dão à discussão
maior profundidade e complexidade. Para
estabelecer a historicidade de Virgilio, Cícero, Cesar, dispondos de
manuscritos cuja data original dista séculos da época em que viveram esses
personagens.
Em relação a Jesus, os manuscritos são quase contemporâneos.
Existem pequenas discordâncias entre os autores evangélicos. Tais discrepâncias
e a rejeição pela comunidade primitiva de muitos evangelhos detalhistas e
apócrifos corroboram a fidelidade dos discípulos ao fato histórico. Jesus existiu,
e, como é natural, foi visto de mais de um angulo por mais de um discípulo.
A VIDA DE JESUS.
JESUS Nasceu em Belém de Judá, seus pais foram José e
Maria, José era descendente da família real de Davi, e Maria, também da estirpe
real de Davi Os apóstolos evangelistas Mateus e Lucas dão sua genealogia
conforme reveladas nos evangelhos sinóticos. Mateus incluiu a presença de duas ligações
ilegítimas na linhagem de Cristo: Judá, o filho de Jacó, com Tamar (Gn 38),
Davi com a mulher de seu general Urias (2 Sm 11)
José e Maria moravam em Nazaré e haviam ido a Belém
para o censo decretado pelo imperador romano Augusto, eles não encontrando
hospedaria na cidade, refugiaram-se em uma gruta - estribaria, onde nasceu
Jesus. Pastores da região e príncipes do Oriente reconheceram na criança o Messias
esperado. O casal fugiu para o Egito. Herodes, informado da impressão causada
pelo nascimento de Jesus, ordenou a matança das crianças de Belém e arredores
(Mt 2.16).
Depois da morte de Herodes, José e Maria regressaram
do Egito e passaram morar em Nazaré, onde aquele era carpinteiro. Ali viveu
Jesus. No período de vida oculta – do nascimento a vida publica – apenas
sabemos que Jesus esteve em Jerusalém para ser circuncidado e sua mãe
purificada (Lc 2.21-22) e, todos os anos, para a festa da Páscoa (Lc 2.41).
Aos 12 anos de idade, em uma dessas visitas a
Jerusalém, Jesus deslumbrou os doutores do Templo pela sua interpretação das
Escrituras. No ano 15 do reinado de Tibério, Jesus reapareceu para ser batizado
por João Batista. Após um período de escassez no deserto, vemó-lo explicando as
Escrituras na sinagoga de sua cidade Nazaré, na Galileia (Lc 4.14), e iniciando
pregação e afirmação de poderes extraordinários que arrastavam multidões. Dali
passou à Judéia, à Samaria, a Jerusalém.
Tornou-se famoso pelo estilo oratório simples e
incisivo, pela suave força de sua doutrina quanto às relações com Deus (Mt 6.9)
e os semelhantes, pela fraternidade universal, pelas reações contra o
sectarismo e o ritualismo dos fariseus e sacerdotes (Mt 23.13), e, finalmente
pela exaltação dos humildes, dos mansos e dos pobres (Mt 5., pelo caráter
universal da religião que pregava. Mais ou menos aos 33 anos foi acusado de
subverter a lei religiosa, e a ordem política da Judéia.
Traído por
Judas Iscariotes, seu discípulo, foi preso no Jardim das Oliveiras após haver
celebrado a Ceia Pascoal com os discípulos. Entregue ao Sinédrio, passou uma
noite de humilhações, flagelos e pancadas, sendo a seguir levado ao governador
romano Pôncio Pilatos, que remeteu ao Rei Herodes. Este devolveu de novo a
Pilatos que, julgando-o inocentou e inócuo ao Império Romano, pensou apaziguar
o povo romano irado com um simples castigo de açoites. Mas o povo, açulado
pelos sacerdotes, gritou que crucificassem e preferiu a liberdade do ladrão
Barrabás à libertação de Jesus. Cristo foi crucificado entre dois ladrões no
Monte Gólgota, também denominado Calvário. As passagens do Novo testamento que
se referem à paixão de Cristo são geralmente lidas em paralelo com o capitulo
53 de Isaias.
Mesmo considerando sua história até este ponto, Jesus
não pode ser confundido com os profetas que surgiram em Israel como fenômenos
crônicos. Basta que se compare o conteúdo de sua mensagem, acima do que havia
de mais respeitado em Israel, a Lei de Moisés e os profetas (Lc 24.44).
Contrariando todas as tendências de seu povo e do
mimetismo religioso, ele se identifica com Deus (Lc 22.69). A diferença entre
Cristo e os fundadores de religiões, Buda, Maomé e todos os demais, é que ele é
simultaneamente revelador e a revelação de Deus. A fé se coloca em termos
pessoais entre cada individuo e ele, aceitando-o ou recusando-o (Jo 3.18,36;
12.48).
Os Evangelhos e as Epístolas não encerram a vida de
Jesus com a crucificação. 3 dias após seu sepultamento, seus discípulos,
mulheres e homens amedrontados declararam havê-lo visto, de inicio aqui e ali,
depois durante 40 dias de maneira contínua, até sua ascensão aos céus.
É este o ponto central do cristianismo, sem o qual se
torna inútil e vão como declara Paulo em sua primeira carta aos Coríntios (1Co 15.14).
Todos os historiadores concordam que os primeiros cristãos acreditaram na
sobrevivência gloriosa de Jesus. Divergem quanto à origem dessa criança. Para
Ramires (1777) foi má fé dos discípulos que roubaram o cadáver.
Para Salomão Reinach foi a contaminação de fatores
não-cristãos, como a ressurreição dos deuses e o culto dos heróis. Teríamos
então uma exacerbação do messianismo judeu. Os apóstolos precisaram desenvolver
um objeto de culto, fazer com que o Jesus terrestre, que eles admiravam,
ressuscitasse o Jesus da fé.
Os cristãos católicos, ortodoxos e evangélicos,
colocam na origem dessa crença uma intervenção objetiva e não apenas subjetiva.
O dogma católico diz que a ressurreição de Cristo não deve ser considerada como
simples mistério de fé nem como a reanimação de um cadáver, mas como mistério e
fato histórico.
Há uma grande diferença, desta vez para o inverso,
entre os evangelhos apócrifos e os Evangelhos a respeito da ressurreição: os sinóticos
e o Evangelho de João apresentam a crença como baseada em fatos negativos como
as aparições, que são distintas de visões.
Não são apresentados argumentos, mas testemunhas (At.
2.32; 3.15), que são apenas os seus seguidores. É, de novo, um problema de aceitação
pessoal, um problema de fé. A história de Jesus Cristo, e todas as suas
conseqüências, prolongam a questão persistente nos Evangelhos: “Quem pensam que
eu sou?” (Mc 8.27).
E ele dá a resposta na perspectiva do problema psicológico
humano da salvação: aceitá-lo ou negá-lo é optar definitivamente (Mt 10.33; Jo
14.8-9). Respondendo à pergunta de quem era Jesus, os Evangelhos apresentam
expressões que outros lhe aplicaram e as aceitou: Messias, Eleito, Filho de
Davi; expressões com que ele mesmo se designou: Filho de Deus e Filho do Homem;
e expressões dele e de outros a seu próprio respeito.
Todos esses termos devem ser entendidos de acordo com
o sentido histórico. Messias não é um termo técnico do Antigo Testamento,
aplicando-se ao povo todo como nação ungida, reino sacerdotal. Mas, na época de
Jesus, em que o povo vivia sob o jugo romano, o termo tinha a conotação que
hoje lhe damos de Libertador. “O mesmo se pode afirmar dos termos “Diletos” “O
Eleito” (Lc 9.35; 23.35) e Filho de Davi”.
Jesus teve profunda concepção da paternidade divina,
entendia a Deus como Pai (17 vezes no sermão da montanha, 107 vezes no
Evangelho de João). Daí o termo “Filho de Deus” revestir-se de particular
importância, sobretudo porque ele distingue sua filiação da dos discípulos (Mt
11.27; Mt 6.9). O termo “Filho do Homem” refere-se a uma passagem de contexto
messiânico (Dn 7.13). A expressão aparece 14 vezes em Marcos; 9 vezes em
Mateus; 8 vezes em Lucas e 12 vezes em João e mais freqüentemente em sentido
escatológico, ou seja com sentido referente ao fim do mundo. Parece ter sido o
termo preferido por Jesus pelo seu sentido misterioso.
Outras
expressões aplicadas a Jesus nos Atos dos Apóstolos 8.10, na 1ª Carta aos Coríntios
1.24,30, como “Poder e Sabedoria de Deus” é de inspiração sapiencial como se
ver nos Provérbios 3.22-31. “Último Adão” (Rm 5.12-21) é uma antítese que daria
sentido ao episodio da tentação de Jesus no deserto, como Adão fora tentado no
Paraíso, “Primogênito” (Rm 8.29; Ap 1.4) indica ser Jesus a síntese do universo
criado (Cl 1.15-15). “Ressurreição e Vida” (Jo 11.25) “Caminho, Verdade e Vida”
(Jo 14.6) em correlação com a via de acesso ao Pai (Ef 2.18; Hb 10.19).
A expressão lembra os ditos de Philo sobre o caminho
real da sabedoria. Mas aqui o caminho não é uma doutrina, é uma pessoa. “Porta”
“é uma expressão antiga como Gênesis (Gn 28.17) e aparece em parábolas e ditos
de Jesus (Lc 23.24), Pão de vida” é termo tão antigo como quanto “maná” (Ex
16.1-36)Tem o significado de assimilação da sabedoria como se pode ver
comparando Isaias 25.6 e o capitulo 6 de João sobre a multiplicação dos pães.
“Irradiação da Glória Divina” (Hb 1.3) seria uma expressão de origem
alexandrina que se encontra em Philo aplicada à sabedoria.
A luz do Antigo Testamento o termo assume conotação de
transcendência divina como no Êx 14.16 “Luz do Mundo” (Jo 8.12) é uma ideia de
origem grega, lembrando a gnose com o seu combate entre luz e trevas, tema da 1ª
Carta de João 2.8, mas também presente no Antigo Testamento (Is 42.6) “Imagem
de Deus”, “Cabeça do Corpo” místico: Cristo é a cabeça da comunidade dos fiéis
(igreja) (Cl 1.18)
BIBLIOGRAFIA – ENCICLOPÉDIA BRITÂNICA BARSA
Albert Schweitzer, A. Busca do Jesus Histórico (1910),
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Giovanni Papini, Vida de Jesus (1921);
E.J. Goodspeed, A Vida de Jesus (1950)
S.J. Case, Jesus Uma Nova Biografia (1927)
John Knox, O Homem Jesus Cristo (1941) – (J.T.L)
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