GAZA CAMiNHA PARA UMA FOME GENERALIZADA

News. un.org. Valdeci Fidelis (na integra)

 Estima-se que 160 mil pessoas se juntarão às 500 mil que já enfrentam uma crise alimentar catastrófica no devastado território palestino, como revelado pela declaração de fome na semana passada. "Toda a Faixa de Gaza precisa de comida", afirma a agência de ajuda humanitária. Enquanto isso, a escalada israelense para tomar a capital da Faixa continua.

À medida que Israel intensifica suas operações militares na Cidade de Gaza , as agências humanitárias da ONU alertam mais uma vez sobre a fome persistente e um provável aumento de doenças evitáveis ​​devido às precárias condições de vida no território devastado.

" Estamos caminhando para uma fome em massa ", disse um porta-voz do Escritório de Assuntos Humanitários ( OCHA ) em uma coletiva de imprensa em Genebra na sexta-feira.

Jens Laerke explicou que, embora a fundação de ajuda militarizada apoiada pelos EUA e Israel continue operando, os suprimentos que ela distribui são insuficientes e estima-se que 160.000 pessoas se juntarão às 500.000 que já estão em uma situação alimentar catastrófica , conforme revelado na semana passada pelo relatório de Classificação Integrada de Segurança Alimentar.

“Toda a Faixa de Gaza precisa de comida. A fome não teria sido declarada se houvesse comida suficiente . Todos precisam de comida ”, destacou Laerke.

É imperativo restaurar a distribuição de alimentos

A este respeito, a Diretora de Informação da ONU em Genebra lembrou que quando a chefe do Programa Alimentar Mundial ( PAM ), Cindy McCain, visitou Gaza, ela solicitou que as autorizações para a transferência de suprimentos para e dentro da Faixa de Gaza fossem agilizadas, bem como que a segurança da população fosse garantida no acesso à ajuda.

Com a fome confirmada em Gaza, é imperativo criar as condições certas para que o PMA restabeleça sua extensa rede de 200 pontos de distribuição de alimentos , incluindo cozinhas comunitárias e padarias, disse Alessandra Velluci, que argumentou que a fome teria sido evitada com o influxo maciço de suprimentos de alimentos.

O risco de propagação de doenças transmissíveis está a aumentar

Na esfera da saúde, a Organização Mundial da Saúde ( OMS ) destacou o risco crescente de propagação de doenças transmissíveis em Gaza, com 94 casos suspeitos de síndrome de Guillain-Barré relatados até 27 de agosto.

A doença pode causar paralisia e é tratável no hospital com imunoglobulina intravenosa ou plasmaférese, “mas esses dois tratamentos, como os anti-inflamatórios, estão fora de estoque ”, disse o porta-voz da OMS, Christian Lindmeier, referindo-se às restrições israelenses à entrada de ajuda humanitária.

“ As entregas devem ser agilizadas com urgência, assim como as capacidades de vigilância e análise”, enfatizou Lindmeier.

O Escritório de Assuntos Humanitários informou que, das 89 tentativas de coordenar missões de socorro com autoridades israelenses em Gaza entre 20 e 26 de agosto, 53 foram aprovadas, 23 foram inicialmente aprovadas, mas depois bloqueadas em terra, sete foram rejeitadas e seis tiveram que ser retiradas pelos organizadores.