CORÍNTIOS 11-14
A poucos dias eu preparei um texto que o Espirito Santo muito me incomodou, para que eu falasse através da Palavra de Deus, embasado nos ensinos do Seu Filho amado Jesus de Nazaré, do qual eu quero elencar nos capítulos de números onze até quatorze, o que fala o apostolo Paulo sobre o decoro de culto na igreja de Jesus Cristo. E como devemos interpretar as Escrituras Sagradas, através da oração, contemplação, meditação e jejum, prestar atenção as hierarquias que as igrejas criaram e executam através dos seus ministros e oficiais tornando apenas como cumpridores de ordens de homens e não as ordens da Igreja do Senhor.
Os capítulos 11-14 de I
Coríntios abordam de questões referentes ao culto cristão. Visto que existiam
problemas em relação a uns aspectos, Paulo escreve no significado de guiar a
igreja. Em 11.2-16, ele trata da ação do costume do véu para as mulheres usarem
no culto público. Em 11.17-34, da celebração da Santa Ceia do Senhor. No
capítulo 12, Paulo fala dos dons espirituais. I Coríntios 13 é um extenso
capítulo sobre o amor. Em 14.1-25, ele debate sobre o dom de línguas e
profecias durante o culto. E, por fim, em 14.26-40 sobre a ordem e decoro no
culto cristão. Existem dois textos que falam mais sobre a atitude da mulher na
igreja: 11.2-16 e 14.26-40.
O contexto cultural que obriga
entender este texto é o seguinte: as mulheres não tomavam parte nos cultos das
sinagogas, ao porque elas tinham ampla atividade nos cultos pagãos, mas sempre
associadas a ritos de prostituição cultual. No culto cristão, a mulher fazia
parte ativa, tanto quanto o homem porque as congregações eram mistas. Em
público, a mulher carecia usar um véu, em consideração a seu marido e à cultura
da época. Existe um cuidado social de Paulo para com a figura da mulher, mas o trecho relativo a 1 Co 11.2-11
levanta algumas situações complexas concernentes à situação de Paulo envolvendo
a disputa por autoridade. O velamento das mulheres, contudo, não foi somente
uma questão de falta de decoro ou oriunda dos fatos de alguns membros da
comunidade de Coríntios se sentirem constrangida pela atuação das
mulheres, mas o próprio ato de profetizar era visto como uma experiência direta
com o divino, o que concedia autoridade a quem o fizesse (SILVA, 2013, p. 16).
O texto de 11.2-16, Paulo
dar início falando que os louva bem como eles nutrem as tradições conforme ele
as deu. Combina recomendar que, naquele período, eles não exibiam ainda o Novo
Testamento, que permanecia em desenvolvimento. O ensino das tradições
compreendia os costumes éticos e sociais incididas do próprio Evangelho. No v.
3, ele diz: “quero, porém, que saibais que Cristo é a cabeça de todo homem, o
homem a cabeça da mulher e Deus a cabeça de Cristo”. A palavra
“kephale,” cabeça é interpretada em dois sentidos: a de “autoridade,
liderança” ou como “fonte”. Liefeld (1996, p. 161), aborda destes dois sentidos
possíveis diz que os tradicionalistas tendem a presumir que cabeça sempre
quer dizer “governo” ou “autoridade”, e interpretam Efésios 5.22-23, a respeito
de esposas e maridos e 1 Coríntios 11.2-16, a respeito da cobertura da cabeça.
Outros eruditos têm demonstrado que cabeça é termo empregado para significar
“fonte”. Embora os eruditos estejam tratando das mesmas evidências, a diferença
na seleção e avaliação delas levam-nos a soluções fortemente conflitantes. Um
estudo que selecionou certo número de usos da palavra “cabeça”, em sentido
figurado, num total de 2.000 ocorrências, de início pareceu apoiar os
significados de “governo” e “chefia”, mas a metodologia usada tem sido
fortemente criticada. [...] No contexto mais amplo de
Efésios kephalf significa tanto “governo” (1.22) como “fonte”
(1.15-16).
Ainda que o significado de
“cabeça” seja a de domínio deve-se notar que ela é funcional, pois Deus sendo o
cabeça de Cristo não indica superioridade ontológica. Ainda sobre o significado
do termo “cabeça”, Mickelsen (1996, p. 235) afirma que o dicionário mais abrangente da língua
grega daquele período de que dispomos hoje, em inglês, é o compilado por
Liddell, Scott, Jones e McKenzie, cobre a língua grega clássica e o coiné
(Koiné), de 1.000 a.C. até cerca de 600 d.C. – portanto, um período de quase
mil e seiscentos anos, incluindo a Septuaginta (tradução grega do Antigo
Testamento). O dicionário relaciona cerca de vinte e cinco possíveis
significados figurados para kephale (“cabeça”) os quais eram usados
na literatura grega antiga. Entre estes significados estão: “topo”, “beirada”,
“ápice”, “origem”, “fonte”, “boca”, “ponto inicial”, “coroa”, “término”,
“consumação”, “soma” e “total”. Essa lista não inclui nosso emprego
comum em inglês com o sentido de “que tem autoridade sobre”, “líder”,
“diretor”, “graduação superior” e outros sentidos semelhantes. (grifo do
autor).
Nos v. 4-6, Paulo aconselha que
todo homem que orar ou profetizar, que o faça com a cabeça descoberta, caso
adverso envergonharia a si próprio. Este é uma maneira cultural da época.
Acerca das mulheres, Paulo diz que toda mulher que ora ou profetiza com a
cabeça descoberta desonra a si própria, pois
os dias de Paulo, mulher
sem véu, com cabelos soltos ou curtos, era considerada infame. O uso do véu
perpassava várias culturas, entre elas a judaica e a greco-romana, que
dominavam o ambiente à época. Por isto, as honradas deviam ter o cabelo longo,
preso e bem penteado. O cabelo solto era visto como um estímulo erótico, por
isso, usá-lo solto em público era um ultraje ao pudor, pois era considerada uma
parte privada do corpo, que só o esposo podia olhar [...] é provável que as
mulheres-profetas achassem que podiam desempenhar seu papel na liturgia com a
cabeça descoberta, pois a casa, lugar onde também se celebrava o culto cristão,
não era um lugar público (FOULKES apud MATOS, 2004, p. 91-92).
Analisar que as mulheres faziam
uso o livre-arbítrio de orar e profetizar no culto cristão (v. 5), todavia que
deveriam fazê-los segundo os costumes sociais de sua época. No v. 7, Paulo diz:
“pois o homem, na verdade, não deve cobrir a cabeça, pois é a imagem e glória
de Deus, mas a mulher é a glória do homem”. É um comprometimento do ser humano
não baralhar os papéis culturais de homem/mulher. Não necessita ter nem
conflito nem mudança. Paulo ver neste modo de cultura de cobrir ou não a cabeça
uma forma boa e verdadeira de expressar um fato bíblico da criação: Deus criou
o homem e deste fez a mulher. É esta verdade que ele enfatiza-nos v. 8-10.
Paulo acha adequada a atitude cultural na qual a mulher evidencia “submissão”
tanto a seu marido como aos homens em geral ao aceitar o princípio de divisão
masculino/feminino incluso na sociedade patriarcal na qual viviam. No entanto,
esta “submissão” não evita que a mulher ore e profetize no culto público, que
são sinais de autoridade.
Nos v. 2-10, Paulo está
discorrendo da necessidade de se seguir as tradições culturais para que não
exista vergonha no culto cristão. Entretanto, nos v. 11 e 12, ele dá uma virada
no texto: “todavia, no Senhor, nem a mulher é livre do homem, nem o homem livre
da mulher, pois assim como a mulher veio do homem, assim também o homem nasce
da mulher, mas tudo vem de Deus”. Paulo estava comentando da cultura, mas agora
ele começa proferindo: “todavia, no Senhor”, o que indica que ele fala da nova
ordem criada em Cristo liberta das amarras culturais de cada povo. Nesta nova
ordem, homens e mulheres são iguais: um não vive sem o outro; homem e mulher se
concluem e por isso devem viver juntos em unidade. Na criação, a mulher é
gerada de uma costela e tirada para fora do homem, mas no nascimento, é o homem
que é tirado para fora da mulher. Isto restaura o equilíbrio e a unidade. Então
ele diz: “mas tudo vem de Deus”. Tanto o homem como a mulher foram criada com
sexualidades diferentes por Deus e este convívio de interdependência e
igualdade é o desejo e a proposta dele para a Igreja.
Nos v. 13-16, Paulo contorna ao
dia-a-dia e diz que há tradições na sociedade dos coríntios acerca do que é
decoroso e honesto na inclusão homem/mulher e que a igreja cristã precisa se
submeter a fim de não molestar a sua boa presença na comunidade. A abertura que
Paulo segue está bem especificada em I Coríntios 10.32-33: “não vos torneis
causa de tropeço nem a judeus, nem a gregos, nem a igreja de Deus; assim como
também eu em tudo procuro agradar a todos, não buscando o meu próprio proveito,
mas o de muitos, para que sejam salvos”. Têm algumas conclusões
acerca do texto do “véu das mulheres” (I Coríntios 11.2-16). A primeira é que
há uma forma de envolvimento homem/mulher definida pela sociedade em que toda
igreja cristã se encontra. Esta forma de envolvimento define os papéis
culturais de masculino e feminino dentro da sociedade. O alvo da sociedade e,
convergentemente, de Paulo, é que estes papéis não sejam misturados, mas
permaneçam distintos. Onde estes papéis são deliberadamente confrontados não
pode ter oração, profecia ou mesmo culto público que comunique a mensagem do
evangelho para a sociedade. Daí a ordem paulina de cobertura da cabeça com o
véu para a mulher no culto e da não cobertura para o homem. A segunda conclusão
é que, paradoxalmente, no Senhor, sem os costumes específicos das sociedades, o
relacionamento homem/mulher é de igualdade e complementariedade. As mulheres
podem orar e profetizar do mesmo feitio que os homens e têm parte ativa nos
cultos tanto quanto os homens. Eles são iguais na criação e na redenção. Esta é
a nova sociedade que está sendo formada por Deus.
No capítulo 12, Paulo fala
dos dons espirituais. Dentre os vários exemplos que o apóstolo dá, é destacado
o v. 11: “mas um só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas distribuindo
particularmente a cada um como quer”. Ou seja, na repartição dos dons, o
Espírito é quem decide que dom dará a cada um. A determinação é dele e não
humana. Não tem, no texto, qualquer menção de que ele restrinja dons pelo ao
sexo da pessoa. Apóstolo Paulo refere o dom de profecia (v. 10) e já tinha dito
que mulheres profetizavam (11.5). No v. 25, ele diz que a separação dos dons é
“para que não tenha separação no corpo, mas que os membros tenham igual cuidado
uns dos outros”. A igreja era composta de homens e mulheres. O que ele quer
falar é com “igual cuidado uns dos outros”? Não imaginava ele em uma igreja de
iguais ao invés de uma igreja hierarquizada aonde a mulher chegasse sempre ocupa
um lugar subalterno? O v. 27 diz: “ora, vós sois o corpo de Cristo, e
individualmente seus membros”. Na Bíblia o Evangelho e a visão paulina, a
igualdade entre homens e mulheres na igreja é superior a qualquer
hierarquização apresentada pelos costumes sociais.
No capítulo
13 No capítulo 14.1-25, como em todas as igrejas dos santos, as mulheres
estejam caladas nas igrejas; porque não lhes é permitido falar; mas estejam
submissas como também ordena a lei. E, se querem aprender alguma coisa, perguntem
em casa a seus próprios maridos; porque é indecoroso para a mulher o falar na
igreja.
Existem três ordens dadas nos versículos,
todas apontadas às mulheres: “silenciai”, “subordinem-se” (voz reflexiva) e
“perguntai”. Numa primeira leitura, Paulo ordena que, nos cultos públicos, a
mulher permaneça em silêncio e não fale nada. O aprendizado delas, quando
tivesse dúvidas, seria em casa perguntando a seus maridos. Como interpretar
este texto, se nos textos anteriores de I Coríntios 11-14, ele deu direito de
liberdade às mulheres de orar e profetizar em público e de participar
ativamente no culto? Segundo Mickelsen (1996; 242-243) há pelo menos duas
possibilidades.
É possível que Paulo esteja
dizendo às esposas que parem de interromper o culto ao fazer perguntas a seus
maridos, querendo saber o significado de tudo. Antes, deveriam perguntar-lhes
em casa. Talvez Paulo estivesse fazendo menção a ensinos falsos dos
judaizantes, que desejavam que as mulheres ficassem em silêncio na igreja, como
tinham de ficar na sinagoga. [...] Usualmente, quando Paulo fala “da lei”,
refere-se ao Antigo Testamento. Todavia, não existe uma passagem no Antigo
Testamento que digam que as mulheres devem estar subordinadas ou que não podem
falar em público. Então a que lei se refere esta passagem? Pode se referir a
uma das numerosas leis locais, que proibia às mulheres falar em reuniões
públicas. Ou pode referir-se à interpretação rabínica do Antigo Testamento. Se
esta passagem for uma citação dos judaizantes, é provável que se refira a uma interpretação
rabínica. Há outras possibilidades, ainda, mas ninguém pode dogmatizar com
autoridade, sobre o sentido exato desses versículos, porque não conhecemos a
situação sociocultural exata. Paulo o sabia, os coríntios o sabiam. Nós não o
sabemos. [...] Visto que esses dois versículos parecem contradizer o que Paulo
dissera anteriormente nesta carta, bem como o próprio costume de Paulo,
concernente a Priscila e suas outras “colaboradoras” (“meus cooperadores em
Cristo Jesus”), não ousamos usá-los com o objetivo de anular tudo o mais que
Paulo escreveu e praticou.
Outra estudiosa, Foh (1996, p.
101-102) assim se exprime sobre este texto
o verbo usado junto com
“silêncio” nesta passagem tem a conotação de ausência de fala. Então seria
absoluto o silêncio exigido das mulheres? Se isso for verdade, as mulheres
não poderiam cantar participar de jograis, de leituras responsivas, orar em voz
alta, nem mesmo pronunciar a oração dominical. Se assim for, tudo quanto foi
dito antes, que envolve falar em línguas, profetizar e compartilhar verbalmente
na igreja, não diz respeito à mulher e deveria ter um carimbo: “só para
homens”. A expressão “vós todos” de 14.5 deveria excluir as mulheres. [...]
Além disso, Paulo emprega o termo “conservem-se as mulheres caladas” em 1
Coríntios 14, mas não sugere um silêncio absoluto, pois o contexto define que
tipo de silêncio o apóstolo tem em vista. “Mas, não havendo intérprete, fique
calado na igreja, falando consigo mesmo e com Deus” (1 Co 14.28), e, “se,
porém, vier revelação a outrem que esteja assentado, cale-se o primeiro” (1 Co
14:30). Em nenhum dos casos, presume-se que o silêncio deva ser absoluto; a
pessoa que tiver o dom de falar em línguas pode certamente participar de
cânticos, de orações e assim por diante, ainda que esse crente não possa falar
em línguas sem que haja intérprete. [...] O apelo de Paulo à lei em geral é
sentido como um golpe tremendo para manter as mulheres sob controle. Mas há
outra maneira de ver a questão. A lei pode ser vista como um limite. A mulher
não precisa submeter-se naquilo que a lei não exige; a mulher só deve
submeter-se segundo as exigências da lei. O Antigo Testamento permitia que a
mulher profetizasse; portanto, 1 Co 14.34 não proíbe às mulheres o dom de
profetizar. O que a lei exige é a submissão, e não o silêncio. O mandamento no
v. 34 pode ser traduzido assim: “mas devem submeter-se”. “Esteja subordinada”
ou “fique sujeita” são formas passivas que ressoam uma nota de servilismo. Mas
o verbo grego é reflexivo. Trata-se de um ato que a própria pessoa executa por
si mesma, ou de si mesma. A mulher, sendo ontologicamente igual ao homem, de
vontade própria submete-se em reconhecimento de sua posição de mulher. O v. 35
também define o sentido de silêncio, ou de deixar de falar, que Paulo tem em
mente. Falar seria entendido então como fazer perguntas. O diálogo, com
perguntas e respostas, era a forma comum de estudo acadêmico do primeiro
século. Não se permitia à mulher que levantasse perguntas em diálogo, porque
esta era uma forma de ensino.
Fonte: O autor é Bel. em Teologia e Mestrado em Teologia Livre,